terça-feira, 4 de julho de 2017


As palavras? 
já não as encontro. 
Muito por estarem simultaneamente uma por sobre a outra
nessa confusão ínfima de pensamentos, 
Dificultando minha capacidade de distingui-las.

Será este o período em que o poeta absorve, para depois com grande intensidade aludir? 
Espero. 
A graça que via na poesia não vejo mais.

Engessada pela banalidade frívola que outrora me era desconhecido. 
Muito porquê essa não é a década para poetas, mas para apenas reprodutores de poemas monossilábicos. 
Talvez essa seja a década da conceituaçao seguidas de afirmações de amor próprio.

E eu que apenas coração desatenta a dizeres de posso e não posso, não encontro lugar para em alguém para apenas sentir.

Sentir... Mas que dois corpos amalgamados.
Sentir os poros, 
o prazer das mãos, 
a dor do querer que enceta nos versos mais lindos... Onde esta a minha inspiração? 
Isto que me falta:
O interesse.
Mas muito porque talvez não haja lugar para interesse,
visto que a curiosidade se perdeu em tantas selfies. 
O espaço para as mais singelas demonstrações de apreço se foram, 
O espaço para ser quem verdadeiramente somos -vulneráveis. 
Já não há. 
Não há mais espaço para poesia que não seja sexo ou morte.
O animalismo nos irrompeu. 
A nossa racionalidade e esperança de amor esvaíram-se do Sentido. 
Essa doença de superficialidade, seguida por um amor próprio nos reduzio.
Assassinaram os poetas. 
Não me julgue por deixar empoeirado as folhas de papeis. 
Onde esta a inspiração ?
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alvez exista um mundo entalado em minha garganta, 
Junto da vontade de 
dizê-las.
Mas quando peso o sacrifício e o ardor de proclamá-las
recuo.
corro de mim mesma.

Para a diferença há um preço
por ora, 
não estou disposta a pagá-lo
Muito menos 
comprá-lo para me autoconceituar.

O diferente existe
Todavia, 
não falo deste às avessas que afigurou-se banal.

Todos almejam ser diferentes, 
conceituais. 
Não me refiro a esta diferença, 
muito menos a forçosa
de "tudo posso então por isso tudo ei de fazer".
Trago o diferente que não é revelado, 
e que de tão diferente chega a não ser.
O diferente extravagado no choro da repressão
Do não achar iguais para 
conversas absurdamente profundas
Do não encontrar iguais que beijem 
em ritmo de intensidade e euforia,
que só beijam aqueles que possuem um 
mundo 
na língua. 
somente eles sabem a harmonia correta do ritmo, 
até o ápice da conversação de almas. 
Talvez haja 
resquícios do futuro nos meus seios 
e que me ponha em mudeza pelo medo do talvez.
Já não sorrio para o futuro, 
e se sorrio é para mostrar os dentes.
Os meus iguais se foram, 
ou mataram o mundo em suas línguas com medo de revelia.

Sei, eu bem sei, que todos estamos em um luta 
Mas que luta valerá apena ?
Os heróis já se foram
E esse preço da diferença não desejo pagar.

Mas só talvez a medida que está caneta alcança o papel eu sinta euforia e extrema paixão de me pertencer, inclusive, 
vaidade destes sentimentos em explosão.
E só talvez, 
mesmo não desejando pagar o preço da diferença,
eu, resignada, pague.
Então meus olhos encheram-se de sangue 
e o mundo entalado em minha 
garganta apoderar-se-à da minha fala, 
até que eu NÃO seja mais eu, 
até que eu seja PARA mim. "O limite do teu mundo ,
é o limite da tua língua." 
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Enquanto existir o amanhã
Enquanto existir o quero 
Enquanto existir o que será 
Haverá amor.
Haverá amor entidade 
Haverá o amor conjugado: amar .
Enquanto existir o Há de vir existirá a esperança
Existira a fé de dias melhores
Existirá novas promessas, 
anseios, 
beijos
Existirá amantes.
Enquanto houver futuro nada estará perdido.
Haverá o primeiro choro
O primeiro delírio, 
O desgaste dos sapatos em lugares não conhecidos.
Enquanto houver, tudo que passou ainda será
Um ciclo perene aonde só mudam as personagens.
O futuro iniciou-se milênios atrás,
E se renova.
Não é o mesmo de outrora 
Mas ainda permanece com sua identidade. 
E o frêmito de viver,
é o anseio do Há de vir
e a possibilidade de Ser.
Tempo que é subjetivo,
e que ainda que os ponteiros marquem incessantemente
Ainda que a pele envelheça
Ainda que o corpo não jã não corra
E o sangue pulse com preguiça...
A matéria dará lugar a substância no espaço, 
A saber, que a vida é muito mais que a matéria que possuímos. 
E o futuro seguirá imponente como há bilhões de anos atrás.
Enquanto houver o Há de vir
haverá esperança!
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  • Quisera que em meus versos tivesse espaço somente para o sagrado,
    dizeres sobre o amor
    ao máximo,
    saudades.
    Mas a vida quis presentear-me com maturidade prematura.
    Não escolhemos a marca que temos.
    Preferia não saber. 
    A consciência tem um custo
    E as desgraças da vida nos tornam mais humanos, 
    bem sei,
    também preferia não ser.
    Pego-me pensando, não raras vezes, como seria bom gastar meu tempo com conversas que não fossem manipular o pensar,
    Como seria bom e fácil me envolver com o outro somente 
    pelo interesse da pele ou da companhia.
    Quisera ter medo da solidão, da paixão e de toda intensidade que um consciente pode sentir.
    Mas não, toda esta intensidade me devora
    a ponto de nos tornamos uma.
    toda coração.
    Olho-me no espelho
    vergonha de ser o que sou 
    vergonha maior do olhar preconceituoso que recaí em sobre mim mesma. 
    Sou reflexo e convexo. 
    Duas.
    O que sou e o que me contempla.
    Carrego peso, cujas bagagem não poderei abrir mão 
    me acompanharam até quando me restar lucidez.
    Não fumo, 
    deveria. 
    Acabo por canalizar todo meu anseio para vícios piores,
    das quais fico muito mais exposta.
    Nervosa, ansiosa,
    abro o aplicativo do meu celular e tento preocupar-me como a vida dos outros para não pensar no vazio da minha.
    Todos felizes, trajados, e com frases de impacto em suas fotos.
    Este contraste me traz à tona ao desespero da minha.
    Viver resignada a condições irrisórias pela falta de oportunidade 
    Sonhos abortados ou mortos quando ainda recém-nascidos.
    Constatar que pessoas sem o mínimo de perícia em suas artes prosperam
    porque o público igualmente imperito as aplaude.
    Constatar que a beleza não é mais um dom inato, mas um adorno comprado.
    Constatar que estou limitada a não ser bela.
    Melhor é ser feia do que bonita,
    quando estamos a um passo de ser algo nunca nos tornamos tão longe de ser.
    O vazio da falta de iguais é um vazio que leva-nos a loucura. 
    Põe em nossas testas a púrpura.
    O diferente quando em particularidade é belo.
    o diferente quando em singularidade é feio.
    O vazio de não torna-se o que é
    pelo medo de não conseguir meio para tanto. 
    Por quê diabos há escambo até para gostos ?
    O meu gosto é caro, não posso comprá-lo
  • A dor da amargura do que não chegou-se a viver
    não é saudade, é desespero
    é ponta cravada no peito mostrando nossa fragilidade
    é ponta cravada no peito pondo em cheque toda a fé em dias melhores.
    Amo a Deus ou O preciso ?
    Conviver com o amedrontamento de acreditar por conviniência
    e covardia de não poder ganhar sozinha.
    Conviver com proselitismo sem nenhum amor na fala e na salvação pregada.
    Conviver com o talvez E a abstenção de prazeres nos poucos dias de nossa peregrinação 
    por uma esperança morta.
    Por isto que Ele prefere o frio que os mornos.
    É uma ofensa procurar o serviço de alguém com bajulações - antes a indiferença.
    Quisera que em meus versos tivesse espaço somente para o sagrado.
    Porém, nunca fora tão tangível
    Sem sonoridade ou palavras bonitas. 
    Reto, indiscreto.
    Nunca fora tão humano.
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Põe beleza no que é puro, 
e não mais pureza no que é belo. 
Dize-me que buscas, de tudo um pouco, a mais altiva aparência. 
Nessa busca ficas louca, 
não encontrando, 
jaz em melancolia. 
Perversa! Melancolia perversa! 
Procura incessantemente. 
O desejo é satisfeito, 
Mas a busca é faminta
Pondo pureza no perverso. 
Buscas a beleza, 
não sabendo que a mesma se encontra 
Talhada no queixo que te encosta,
No que beijo que busca a testa- 
o beijo dos amores, 
naquilo que te respeita. 
A beleza é a pureza!
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Não há mais espaço para sentir. 
O amor esfriou-se. 
Não há mistérios, não há liberdade.
Ledo engano de quem acredita que suprir as necessidades mais ínfimas de um humano é liberdade. 
Liberdade é sentir. 
Sentir na pele, alma, poros. 
Sentir com consciência de estar a sentir.
Deixar-se encantar pelas sutilezas do carinho 
Saber que carinho é muito mais que afago nas orelhas. É compreender pelo olhar, é tatear na busca de proporcionar desejos respeitando a particularidade que só respeita aqueles que se pertecem. 
O amor esfriou-se porque o amor próprio o subjugou. Talvez você não compreenda essa frase, caso não entenda que o amor próprio é um instituto mal denominado. De amor não tem nada. Existe apenas a subsistência do mais irracional que há nos seres humanos: necessidade. 
Quando contenho-me a viver uma vida sem emoção pela segurança de não sentir o ônus do amor, para isso há nome: covardia. 
Qual jardineiro se absterá de tocar em duas rosas por medo dos espinhos ? 
Se queres o bônus, terá o ônus. 
Mas sossegue a alma. O amor tudo suporta, pois aprende-se a amar amando. Saberá ter em ti a resiliência para superar a dor que espinhos causará em suas mãos. 
Se queres ser livre, sinta! 
O orgulho é o maior coator da liberdade,
Reduzindo- à necessidade, 
mas necessidade é parte do que nos liga a terra, 
nos sujeitando a ser somente animais. 
Se queres ser livre - atributo que nos diferencia dos irracionais: sinta! 
Dê vazão aquilo que não é palpável, mas é anseio do coração. - Necessidades veladas, e que por não serem vistas são essenciais. 
Não fuja às pressas do que te faz. 
Não restrinja a régua da paciência, pois o tamanho dela é dada pelo amor. 
Não desista tão facilmente do que você acredita ser bom. 
A dor é fim irremediável, 
é início natural 
é ponto para início 
É risco dos livres.
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